Como o comércio de especiarias mudou o mundo — Século XVI

          O comércio de especiarias deve se encontrar dentre os assuntos mais intricados, multi-facetados e fascinantes que a historiografia pode se prestar à compreender, de forma à oferecer uma visão com bom embasamento econômico para os desenvolvimento econômico e consequentemente, social deste fenômeno que existe desde a Antiguidade, no entanto tomara forma inovadora e que marcara a transição que culminará no Mercantilismo Intercontinental.

          Para entender o contexto dos grandes empreendimentos marítimos que fez relevante a busca por rotas diversificadas para o comércio de especiarias, é necessário retornar ao século VII, durante a expansão muçulmana, liderada por ninguém menos que Maomé, à quem é atribuído o surgimento do Islamismo e que em sua juventude, esteve envolvido no comércio de especiarias entre o Mar Índico e o Mar Mediterrâneo. 

          O domínio Árabe das rotas de comércio de especiarias teve profundo impacto econômico e social no Ocidente, pois as especiarias mais vastamente disponíveis durante o domínio Imperial Romano, se tornavam cada vez mais escassas e um item de luxo, onde seus valores rivalizava metais preciosos. Os impactos econômicos mais diretos foram causados pelo crescente monopólio da cidade de Veneza, que possuía uma relação favorável com os Árabes e que detinham a exclusividade das importações de especiarias.

          As relações entre Venezianos e Árabes se deterioram de forma permanente quando os Turcos tomaram Constantinopla, uma das últimas resistências ao monopólio Árabe-Veneziano. Assim sendo, os Egípcios se sentiram confiantes o suficiente para impor um imposto de 1/3 do valor em especiarias que se propusessem à adentrar o Mediterrâneo, valor alto o suficiente para tornar praticamente inviável o comércio entre as rotas conhecidas e fora da esfera de ação dos Estados Europeus.

          Com o memorável sucesso de Vasco da Gama ao atravessar o Cabo das Tormentas — o lendário local que afundaria navios Europeus por séculos, tendo razões por vezes míticas que incluíam a visão de terríveis monstros marinhos que destruíam embarcações e devoravam marujos — que posteriormente seria conhecido como Cabo da Boa Esperança, chegou ás Índias e retornou à Portugal com vários produtos disponíveis para comércio e uso da Coroa Portuguesa. 

          Os Espanhóis, também insatisfeitos com a pouca disponibilidade, somada às possibilidades que os avançados instrumentos de navegação Mouros permitiam, Cristovão Colombo partiu com a tarefa de buscar um rota para comércio entre as Índias e a Espanha através do Oeste, porém, Colombo falhando em sua tarefa designada, chegou às ilhas Caribenhas. Crente que havia chegado às Índias, Colombo nomeou os nativos daquelas ilhas de Índios e sua planta sagrada "chile" como "Pimenta Vermelha", fato que causaria confusão até os dias de hoje.


Aguardem nossas próximas postagens, onde discutiremos o comércio e como este se relacionado com as Índias Orientais, as Américas e o Ocidente, incluindo seus Estados.

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"A descoberta da América, a circunavegação da África ofereceram à burguesia em assenso um novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso desconhecido até então, ao comércio, à indústria, à navegação, e, por conseguinte, desenvolveram rapidamento elemento revolucionário da sociedade feudal em decomposição."
                          Karl Marx & Friedrich Engels em O Manifesto Comunista, 1848.



  

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