Absolutismo e mercado — Burguesia, formação do estado e a aurora da diplomacia enquanto projeto de manutenção do poder - PARTE II
"A Burguesia no Ocidente já era forte o bastante para deixar a sua marca indistinta no Estado, sob o absolutismo. Com efeito, o paradoxo aparente do absolutismo na Europa ocidental era que ele representava fundamentalmente um aparelho para a proteção da propriedade e dos privilégios aristocráticos, embora, ao mesmo tempo, os meios através dos quais tal proteção era promovida pudessem simultaneamente assegurar os interesses básicos das classes mercantis e manufatureiras emergentes"
Perry Anderson, historiador revisionista Marxista em sua obra Linhagens do Estado Absolutista(1974)
Ao longo de sua obra, Anderson vai descrever com mais detalhes a marca que os estados absolutistas, em conjunto com as elites mercantis deixaram na geopolítica moderna Europeia. Desta vez, a lupa do autor recai sobre a diplomacia, que foi usada na época de forma pioneira e essencial para a manutenção do poder nas mãos da aristocracia.
O desenvolvimento progressivo desses Estados trouxe à questão política uma questão delicada, pois os conceitos usados anteriormente do laissez-faire se tornavam demasiados contraproducentes em sua separação rígida do estado e da economia. O mercantilismo, que representa a quebra desse conceito, ganhará bastante espaço no fim do século XVI e começo do século XVII. O mercantilismo é proposto como uma forma coerente da intervenção estatal na economia, sendo a crescente popularidade de uma política externa voltada à conquista, como podemos perceber ao estudar a era das navegações e a supremacia mercantilista nas Américas.
Os Estados monárquicos Europeus estavam ainda em suas fases iniciais e portanto, apenas esboçavam reformas do sistema feudal para recolocar a aristocracia em sua posição dominante. A partir do século XVI podemos observar a consolidação da diplomacia enquanto uma nova atividade fim do Estado monárquico e que seria uma das principais características da aristocracia renascentista.
Em contradição com a realidade anterior da Europa, onde existiam uma grande diversidade de unidades políticas e heterogêneas, a diplomacia conseguiria de forma pioneira na Europa, estabelecer um projeto de sistema político internacional que se propunha realizar: "sondagem dos pontos fracos do meio ambiente de um estado ou dos perigos provenientes de outros estados. Geralmente através de casamentos, a longa teia de influência dos Estados monárquicos se espalhava e expandia através de toda Europa e que favoreceria uma aristocracia agora apoiada por seus pares à nível internacional.

Retratado por Claude Lefébvre(1665)
Jean-Baptiste Colbert, ministro das finanças do Rei Luis XIV e autor da frase:
" É apenas e simplesmente a abundância de dinheiro em um Estado, que faz a diferença entre grandeza e poder."
Referências:
Anderson, Perry. Linhagens de um Estado Absolutista(1974)
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