Ludistas: O fator balanceador das condições de trabalho na Inglaterra Industrial

As perturbações Ludistas iniciaram-se em circunstâncias que favoreciam a agitação social. As famílias de operários Britânicos no começo no final do século XVIII e início do século XIX estavam sofrendo com uma economia que crescia fora de proporções e grande desemprego. Uma guerra que pareceu não ter fim com a França de Napoleão, trouxe o "árduo beliscão da pobreza", como escreveu o Historiador Inglês Frank Peel. Comida era escarça e passava custar mais cada vez mais. Em março de 1811, em Nottingham, um polo industrial têxtil que abrigava uma multidão de protestantes exigindo melhores condições de trabalho e melhores salários. Tropas Britânicas suprimiram o protesto com violência até a dispersão dos revoltosos. 

Aquela noite, operários enfurecidos destruíram maquinário têxtil em uma vila ao redor de Nottingham. Ataques semelhantes ocorreram de força dispersa, exclusivamente à noite, inicalmente. Os ataques se tornaram mais frequentes e autores de danos consideráveis. O Parlamento aprovou medidas para tornar a quebra de maquinário crime capital.

A imagem acima é uma sátira política, um agitador usando vestes de mulher acena em fronte de um edifício em chamas com uma multidão brandindo facas e armas, publicada em 1812. Imagem retirada de http://www.britishmuseum.org, acesso 27/11/2017.




Dentre o pânico e a crescente militância resultante dos crescentes preços de comida e o medo da Classe dominante Britânica, inspirado pela revolução Francesa, o "Combination Act" foi aprovado em 1799, impondo medidas de extrema severidade para qualquer sorte de associação de trabalhadores. Um decreto(Act) do ano seguinte, aplicou ligeiras alterações no decreto anterior. O "Combination of Workers Act" de 1824 foi uma resposta para anular a perseguição de ambos os decretos. Após uma insurgência da militância do partido de comerciantes(Trade Union).

Conforme a Revolução Industrial afirmava sua consolidação, operários preocupados em serem substituídos por máquinas cada vez  mais eficientes, enchiam as fábricas. No entanto os Ludistas em si, "estavam totalmente à vontade com as máquinas", diz Kevin Binfield, autor do livro "Writings of the Luddites". Eles condenavam aos patrões que usavam as máquinas "de forma fraudulenta e desonesta" para evitar práticas aceitáveis de trabalho. Dentre as exigências dos Ludistas, incluíam máquinas que produzissem bens de alta qualidade e que "tais máquinas obrigatoriamente sejam manejadas por operários que através de um aprendizado adequado e remuneração decentes."
Ludistas danificam máquina em fábrica. A quebra de maquinário já era crime na Grã-Bretanha desde 1712, no entanto após as revoltas Ludistas, este crime passou a ser uma prioridade das autoridades, assim como um crime capital, passivo de morte. Gravura de 1812, autoria de Morgan. Imagem retirada de Mary Evans Picture Library, acesso 27/11/2017. 



Os Ludistas se tornaram um assunto de grande preocupação do Estado, os quais o consideravam de alto risco para a sociedade. Segue abaixo um trecho da Proclamação Real sobre atividades sediciosas, em tradução livre:
"É no atual 29º dia do mês de Outubro que diversas personalidades insurgentes posicionadas e estacionadas em diferentes localidades de nossa cidade de Westminster, procedem á cometer atos audaciosos e de natureza criminal, uma violação séria da paz pública que coloca em perigo a realeza e desafia a vontade de nosso parlamento; nós, em resposta, com o conselho do "Privy Council" declaro permissivo à todos os magistrados e sujeitos de boa-fé a usar todos os esforços para descobrir, de forma à apreender os autores e atuantes que tomem parte em tais assuntos, para que sejam levados à lei..."


É importante compreender a importância do movimento Ludista para o desenvolvimento da Revolução Industrial, porquê foi este movimento(assim como outros movimentos operários insurgentes) que determinaram que o Progresso Técnico-Científico deveriam cumprir demandas que compreendessem o interesse do operário. O movimento Ludista foi essencial para que as condições de trabalho do operário fossem um fator à ser considerado nos anos seguintes pelos Patrões ingleses, pois o medo de uma insurgência operária era real entre as classes dominantes, como evidenciado na proclamação do Rei George.

Referências Bibliográficas:

BINFIELD, Kevin. Writtings of the Luddites, 2004.

GRÃ-BRETANHA, As Proclamações do Rei à Respeito de Reuniões Sediciosas, 1795.

https://www.napoleonseries.org/research/government/british/c_gagging1.html



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