O consumo na Inglaterra industrial dos séculos XVIII e XIX.

  Com o advento da primeira revolução industrial, as modificações ocorridas na Inglaterra foram sentidas por todas as camadas da população. Desde o mais nobre monarca, até o novo burguês e a nova vasta camada social que se criara, o proletário. A mudança aconteceu não apenas nos meios de trabalho, mas também no consumo, e até mesmo na alimentação dos britânicos.

Produção de tecidos no tear, na Inglaterra do século XVIII. 
(Retirado de: http://seguindopassoshistoria.blogspot.com.br/2011/03/fabrica-aco-e-vapor-revolucao.html. Acesso em 25/11/2017)


  Segundo David Landes, historiador americano contemporâneo, “[...] o poder de compra per capita e o padrão de vida eram muito mais elevados do que na Europa continental.” (LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, de 1750: até os dias de hoje. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005 p.48). Não apenas a Inglaterra despontava economicamente a frente dos seus vizinhos europeus, mas também socialmente. O poder de compra e consequentemente, ao menos nesse período, a qualidade de vida da população também se mostrava melhor. Para Landes, um dos sinais mais óbvios dessa melhora na qualidade de vida era o aumento do consumo de pão branco entre os ingleses, que deixavam aos poucos de comer grãos mais rústicos, como era o caso dos habitantes da Europa continental, que ainda se alimentavam de trigo sarraceno e aveia.
  
  Não apenas os hábitos alimentares dos Ingleses melhoraram, mas o consumo de objetos também evoluiu. Com o início da produção em massa, os valores dos produtos caiam assim como o valor dos alimentos, o que propiciava um maior consumo de roupas e utensílios domésticos. “Os ingleses tinham a reputação de usar sapatos de couro, ao passo que os holandeses e franceses usavam tamancos. Vestiam-se com roupas de lã, enquanto os camponeses franceses ou alemães tremiam, com frequência, de frio vestidos com suas roupas de linho, tecido nobre [...] porém uma proteção precária”. (LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, de 1750: até os dias de hoje. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. P. 49)
Além de todos os fatores estruturais e econômicos contribuírem para o aumento do consumo e até mesmo para o surgimento do que hoje chamamos de “sociedade de consumo”, a Inglaterra também contava com fatores sociais para o fácil desenvolvimento do consumo e da produção de produtos manufaturados. A sociedade inglesa em geral, segundo Landes, era “aberta”. Não existiam definições de status social sólidas, e as barreiras para que houvesse uma mobilidade social era mais frágil. Na França, por exemplo “temos uma estrutura tripartite mais nítida: aristocracia, burguesia, peuple” (LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, de 1750: até os dias de hoje. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. P. 50). O consumo também contribuía para a diminuição de barreiras entre as classes sociais inglesas, visto que “algumas pessoas poupam para subir na escola social e outras consomem para serem notadas” (LANDES, David S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa Ocidental, de 1750: até os dias de hoje. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. P. 50).

Roupas masculinas do Século XVIII.
(Retirado de: https://robertoalfaiate.wordpress.com/2013/06/16/breve-historia-da-alfaiataria-masculina/. Acesso em 26/11/2017)

  Apesar de distante, e de talvez tornar-se uma discussão anacrônica, começamos a ver as primeiras sociedades de consumo, onde o consumismo influencia, mesmo que neste período outros fatores influenciem muito mais, no modo com o qual a sociedade passa a te enxergar.Com o advento da primeira revolução industrial, as modificações ocorridas na Inglaterra foram sentidas por todas as camadas da população. Desde o mais nobre monarca, até o novo burguês e a nova vasta camada social que se criara, o proletário. A mudança aconteceu não apenas nos meios de trabalho, mas também no consumo, e até mesmo na alimentação dos britânicos.

Comentários